a cor do leite, de Nell Leyshon.

seu nome é mary, m.a.r.y e ela mora na roça. a vida dela não é fácil. todo dia tem que trabalhar duro. acordar cedo e trabalhar no campo. não tem escola, não tem coisa boa. só trabalhar, trabalhar e trabalhar. essa é a sua história, que ela mesmo escreve e tem a necessidade de contar pra gente. essa história é singela, humana e inesquecível. mary passou por muita coisa. sua simplicidade se torna grandiosa. e grandiosa vem de grande porque esse seria um adjetivo para dizer as reflexões desse livro. grandes ensinamentos. é, vou deixar ela te contar o resto. mary, sua vez, menina. –  Italo. 

É dessa forma que somos apresentados a mary. Sem letras maiúsculas e travessões a narrativa flui estranhamente ao longo das 200 páginas que nossa protagonista vem contar sua estória. É muito difícil discorrer sobre um livro como esse. a cor do leite foi um livro que marcou em todos os seus aspectos, de sua escrita a ambientação, foi intenso.

 a cor do leite, a primeiro olhar, é uma coisa simples, corriqueira e que poderia ser um dentro tantos outros livros ambientados por volta de 1800. Mas que ao longo da leitura notamos que a simplicidade se torna grandiosa no livro escrito por Nell Leyshon.

às vezes é bom ter lembranças porque elas são a história da nossa vida e sem elas não ia ter nada. mas tem vezes que a memória guarda coisas que a gente não quer nunca mais ouvir falar e não importa quanto a gente tenta tirar elas da cabeça. elas voltam.

mary consegue transcender toda a empatia e o que ela sente de um jeito incrível. Eu me apeguei tanto tanto com ela, que li o livro arrastando para não acabar logo. É aquela pessoa ingênua, esperta, curiosa e adorável. Ela tem uma visão muito própria da realidade, acho que foi isso que me fez gostar muito dela. Para quem leu Passarinha (resenha aqui), sem dúvidas irá gostar da protagonista. Elas, mesmo que em idades diferentes, se parecem bastante em relação a visão de tudo e todos ao seu redor.

Se fosse pra definir os acontecimentos do livro em uma palavra, seria imprevisível. Você começa a leitura se perguntando "por que ela quer contar sua história", e segue um rumo tão leve, e depois você entende esse "porquê". Foi como um "choque" quando soubemos tudo, e você fica realmente boquiaberto com tudo que mary passou. E claro, o segredo é revelado na última hora, na última página, é realmente avassalador.

não tem nada que me aborrece. se eu não posso fazer nada para mudar uma coisa então eu não deixo ela me chatear. se eu posso mudar uma coisa então eu faço e aí não preciso em chatear com nada também.

A escrita por mais estranha que seja, como demonstrei no primeiro parágrafo dessa resenha, é totalmente adaptável, e não tive problema algum. Acredito que isso fez a narrativa se tornar mais singela, pois ela mostra claramente todo o interior de mary, tudo que sente, o porquê de sua escrita ser desse modo, o motivo dela escrever tudo nas pressas. 

a cor do leite acima de tudo, é um livro extremamente arquitetado, planejado, sincero e realista. Fala sobre uma comunidade machista em volta do século 18 e uma garota regada pelo sofrimento. Esse livro merece ser lido por cada um de nós, e a história de m.a.r.y deve ser conhecida. Tocante e intenso, é um daqueles livros que vão até lá no fundo da alma e te arrancam suspiros - mesmo que, sejam de surpresa.

Título: a cor do leite.

Título Original: The colour of Milk.

Autora: Nell Leyshon.

Editora: Bertrand Brasil.

Avaliação: 5/5.